saberes e práticas docentes
Maria Teresa de Beaum
Universidade Federal de Uberlândia
Maria Teresa de Beaum
Universidade Federal de Uberlândia
por Rebeca Cunha e Juliana Bueno.
O objetivo da análise foi entender a metodologia “História Oral” utilizada pela autora e relacionar o tema de sua dissertação com o artigo de Maurice Tardif
TARDIF, M. et al. Os professores face ao saber docente. Esboço de uma problemática do saber docente. Teoria & Educação. São Paulo, vol.4, p. 215-233, 1991.
A dissertação toma por partida a experiência profissional da autora atuando como professora de música no projeto desenvolvido em MG com o objetivo de promover um curso de formação musical para professoras. Este teve por nome: Projeto Música na Escola, promovido pela Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais em 1998. Essa experiência suscitou questionamentos a respeito do ensino de música e, para isso, foi analisado o impacto do projeto nos professores, escolas e alunos.
O Tipo de Pesquisa utilizado enquadra-se na abordagem qualitativa de pesquisa e a metodologia teve como suporte a história oral temática, que pertence á modalidade de investigação narrativa
Para a metodologia, a autora baseou-se nos autores:
A dissertação toma por partida a experiência profissional da autora atuando como professora de música no projeto desenvolvido em MG com o objetivo de promover um curso de formação musical para professoras. Este teve por nome: Projeto Música na Escola, promovido pela Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais em 1998. Essa experiência suscitou questionamentos a respeito do ensino de música e, para isso, foi analisado o impacto do projeto nos professores, escolas e alunos.
O Tipo de Pesquisa utilizado enquadra-se na abordagem qualitativa de pesquisa e a metodologia teve como suporte a história oral temática, que pertence á modalidade de investigação narrativa
Para a metodologia, a autora baseou-se nos autores:
BOM MEIHY, José Carlos Sebe. Manual de História Oral. 2ed. São Paulo: Loyola. 1998.
FONSECA, Selva Guimarães. Ser professor no Brasil: história oral de vida. Campinas: Papirus, 1997.
Sendo assim, História Oral tem por conceito uma modalidade de pesquisa usada para elaboração de documentos, arquivamento e estudos referente à vida social de pessoas. Ela é sempre uma história do tempo presente e reconhecida como história viva. São conhecidas três tendências da história oral: a história oral de vida, a história oral temática; e a tradição oral. Neste caso, a autora escolheu a história oral temática, porque está focalizada em um objeto específico, o ensino de Música.
“A história oral temática privilegia a coleta
de depoimentos e entrevistas orais que esclarecem
determinadas temáticas” (FONSECA, 1997, p.36).
São características da História Oral:
* O compromisso com o esclarecimento ou opinião do entrevistador sobre algum evento definido.
* Diferente da História oral de vida. Detalhes da história pessoal do narrador interessam apenas na medida em que revelam aspectos úteis à informação temática central.
* No caso de entrevistas temáticas, recomenda-se uma prudente brevidade, posto que se objetiva algo específico.
Agregamos outras leituras ao estudo, para entender mais sobre a História oral. Tais leituras teve como base os seguintes autores:
ALBERTI, Verena. Manual de História Oral. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.
CAMARGO, A. Quinze anos de história oral: documentação e metodologia. In: Alberti, Verena. Apresentação da Primeira Edição. Manual de História Oral. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2004.
OLIVEIRA, Valeska Fortes. Diálogos entre história oral e educação: memória, conhecimento e identidades. In: XII ENDIPE – Encontro Nacional d Didática e Prática de Ensino, 2004, Curitiba. Conhecimento Local e Conhecimento Universal. Curitiba: PUC/PR.
NÓVOA, António. Os professores e a história da sua vida. In: Nóvoa, António (org.). Vidas de Professores. 2ª ed. Porto: Porto Editora, 1995.
Percebemos que a História Oral é método de investigação científica como fonte de pesquisa ou ainda como técnica de produção e tratamento de depoimentos gravados. Valoriza as recordações de indivíduos e tem por método de recolhimento de informações entrevistas com pessoas que vivenciaram algum fato ocorrido.
* Ela permite o diálogo entre diversas áreas no campo das ciências humanas, constituindo um esforço interdisciplinar (Camargo, 1989) de investigação.
* É um lugar de encontro de várias disciplinas” (Pereira, 2000) – Um diálogo entre história, sociologia, antropologia e educação, entre outras.
CRÍTICAS:
Há possibilidade de falha de memória do entrevistado, possibilidade de criação de uma trajetória artificial, fantasiar, omitir ou mesmo mentir.
Neste caso, mesmo diante dessa "não confiabilidade da memória", acreditamos que é possível estabelecer uma metodologia bem estruturada para a produção de dados a partir dos relatos orais. O entrevistador não deixa de produzir uma versão do que entendeu ter acontecido. Mesmo quando o pesquisador tem certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente, cabe a ele, entrevistador, tentar entender as razões da "mentira", ou seja, quais os motivos que estão levando a pessoa a mentir, podendo ser aplicado o mesmo no caso da ilusão biográfica, quando o indivíduo faz uma produção artificial de si mesmo. No caso de esquecimento, para ajudar suprir essa falha, podem-se usar os chamados "apoios de memória", como fotografias, objetos e outras coisas que possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa.
Acontece uma seleção e qualificação dos acontecimentos, impressões e vivências relatadas.
Contudo, cabe ao pesquisador a atenção e critérios para não cair na tentação de condução da entrevista para uma narrativa que confirme as hipóteses ou objetivos da pesquisa. O confronto dos relatos com os estudos desenvolvidos sobre o contexto social no qual está inserida a narrativa desenvolvida pelo entrevistado, é condição/critério indispensável para o desenvolvimento da análise dos depoimentos coletados nas entrevistas.
As perguntas da entrevista e as narrativas desenvolvidas pelo entrevistado estão imbuídas da lógica cultural de seu tempo.
É preciso pensar nas entrevistas como fontes para se chegar a pistas que levem a análise e compreensão do tema/objeto estudado, como sinaliza Silveira (2002), é pensar na busca de regularidades e não de verdades. Silveira (2002) indica a busca de perspectiva de coerência das falas dos entrevistados. Numa rede de coerência, apreende-se traços recorrentes que caracterizem melhor o objeto/tema de pesquisa.
Compreendendo mais a respeito do tipo de pesquisa História Oral, abordamos sobre a linha de pesquisa da dissertação: Formação de Professores, trazendo o diálogo sobre a valorização do saber docente.
Claramente percebemos que a história oral prioriza o trabalho de dar voz àqueles que não têm espaço na sociedade, os excluídos, marginalizados. Valoriza os professores que têm falas, não são silenciosos de fato. Ao falar sobre suas práticas pedagógicas, os professores podem indicar pistas para a compreensão e análise de seus saberes, como os mobilizam, como são constituídos, qual a relação dos saberes. Sendo assim, o professor está como objeto central da investigação.
Durante a pesquisa a autora realizou entrevistas com os professores de educação infantil, anos iniciais e de musicalização. Não discriminou o conhecimento musical de cada um, considerando-os relevantes, segundo suas peculiaridades, conforme sua história de vida.
Trouxe questões a serem pensadas pelos professores tais como:
Quem é responsável pelo ensino de música?
Como está sendo visto o projeto “Música na escola” pelos professores?
A música pode ser trabalhada interdisciplinarmente?
Como está sendo visto o projeto “Música na escola” pelos professores?
A música pode ser trabalhada interdisciplinarmente?
Quais os limites e possibilidades?
Essa valorização à fala dos professores vem sendo respaldada por Tardif, autor do artigo a ser relacionado. Tardif (2000), pensa que se os pesquisadores universitários querem estudar os saberes profissionais da área do ensino, devem sair de seus laboratórios, sair de seus gabinetes na universidade, largar seus computadores, largar seus livros e os livros escritos por seus colegas que definem a natureza do ensino, os grandes valores educativos ou as leis da aprendizagem, e ir diretamente aos lugares onde os profissionais do ensino trabalham, para ver como eles pensam e falam, como trabalham na sala de aula, como transformam programas escolares para torná-los efetivos, como interagem com os pais dos alunos e com seus colegas.
Os “Saberes da Experiência” é um conhecimento docente destacado por Tardif e consideramos prontamente valorizado pela autora em sua dissertação.
“[...] são saberes específicos, fundados em seu trabalho cotidiano e no conhecimento de seu meio. Esses saberes brotam da experiência e são por ela validados. Eles incorporam-se vivência individual e coletiva sob a forma de habitus e de habilidades, de saber fazer e de saber ser.” (Tardif, 1991, p.220)
Esses saberes têm grande valor, já que acontece numa rede de interações com pessoas onde o elemento determinante é o ser humano. São mediados por diferentes discursos, comportamentos e maneiras de ser, características complexas do ser humano e, por fim, não é passível de definições acabadas.
Essa valorização à fala dos professores vem sendo respaldada por Tardif, autor do artigo a ser relacionado. Tardif (2000), pensa que se os pesquisadores universitários querem estudar os saberes profissionais da área do ensino, devem sair de seus laboratórios, sair de seus gabinetes na universidade, largar seus computadores, largar seus livros e os livros escritos por seus colegas que definem a natureza do ensino, os grandes valores educativos ou as leis da aprendizagem, e ir diretamente aos lugares onde os profissionais do ensino trabalham, para ver como eles pensam e falam, como trabalham na sala de aula, como transformam programas escolares para torná-los efetivos, como interagem com os pais dos alunos e com seus colegas.
Os “Saberes da Experiência” é um conhecimento docente destacado por Tardif e consideramos prontamente valorizado pela autora em sua dissertação.
“[...] são saberes específicos, fundados em seu trabalho cotidiano e no conhecimento de seu meio. Esses saberes brotam da experiência e são por ela validados. Eles incorporam-se vivência individual e coletiva sob a forma de habitus e de habilidades, de saber fazer e de saber ser.” (Tardif, 1991, p.220)
Esses saberes têm grande valor, já que acontece numa rede de interações com pessoas onde o elemento determinante é o ser humano. São mediados por diferentes discursos, comportamentos e maneiras de ser, características complexas do ser humano e, por fim, não é passível de definições acabadas.
A dissertação finda com a satisfação da autora
de ter considerado e valorizado os saberes dos professores
A dissertação finda com a satisfação da autora de ter considerado e valorizado os saberes dos professores e ainda por ter aberto caminhos para que outras pesquisas possam partir e dar continuidade ao tema tão relevante. Ela não finda as possibilidades desse estudo, mas espera que as paisagens construídas surjam em outros cenários, com outras/os professoras/es e pesquisadoras/es, para que acrescentem, também, os seus olhares e os seus tons, num processo contínuo de “chegar e partir”.
BEAUMONT, Maria Teresa de. Paisagens polifônicas da Música na escola:saberes e práticas docentes. Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-graduação em Educação, Uberlândia